terça-feira, 26 de abril de 2011

Amor não é pra se guardar
Numa caixa vermelha de veludo
Ou de qualquer outra coisa do mundo.
É pra ser usado no pescoço
Como de um colar o pingente,
Exibidamente pendurado,
Até escurecer de repente.
Se existe, pra que guardá-lo
Trancado a chaves do ego?
O mundo é um rio profundo
Com peixe-martelo batendo em prego.
O cupido, ora feliz, se deprime
Se o sentimento é ocultado,
E as moças carentes, e os
moços dormentes,
E o tal do amor guardado.
Quero-o bem mais nos olhos
À disposição de quem quer ver.
Ainda que pareça mudo,
Às vezes, do rio no fundo
Existe para quem quer ter
Amor não é pra se guardar
Numa caixa vermelha de veludo
Ou de qualquer outra coisa do mundo
Ou em qualquer outra coisa no mundo


(Lalo Oliveira)

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