(...)
Vem para que eu possa ... contar dos meus muitos ou
poucos passados, futuros possíveis ou presentes impossíveis,
dos meus muitos ou nenhum eus.
Vem para que eu possa recuperar sorrisos, pintar teu olho
escuro com kol, salpicar tua cara com purpurina dourada, rezar,
gritar, cantar, fazer alguma coisa, desde que você venha, para que
meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida.
Porque ... tenho medo e estou sozinho, porque não tenho medo e
não estou sozinho, porque não, porque sim, vem e me leva outra
vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um
pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde
existe um verde imaginado, encantado, perdido.
Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano
de onde viemos os dois.
(Caio Fernando Abreu)
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