segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


Não escreverei versos chorosos
cantando tristezas infinitas,
amores impossíveis,
saudades dolorosas,
paixões trágicas
e não correspondidas.

Tenho a vocação para a felicidade.
Ser feliz não me traz sentimento de culpa.
Não preciso da tristeza
para justificar a inutilidade da vida.

Não preciso morrer
e ir ao céu
para encontrar a felicidade.
Quero-a e tenho-a
neste espaço terreno
do aqui e do agora.

A felicidade,
tal e qual, o amor
está dentro de mim
e transborda em ternuras,
em melodias,
em carinhos, em alegrias,
em cantos e encantos.

Sou feliz e não preciso me justificar.
Sorrio sem ver passarinho verde.
Não tenho medo de ser feliz .

Faço minha estrela brilhar
sem receio dos encontros, desencontros, encantos e
desencantos que o amor me diz.

Contrariedades? Eu as tenho!
E quem não as tem na vida secular?
Escassez de dinheiro?
Nem é bom falar.

Amores não correspondidos?
Separações?
Rejeições?
Saudades incuráveis?

Carinhos reprimidos,
ternuras guardadas, sem a contra
parte do outro?
Eu tenho aos montões.
Sou a rainha das perdas,
necessárias ao meu crescimento

Contudo quem não soube
a sombra
não sabe a luz.

E num livro de matemática existencial
juntei todos esses problemas insolúveis,
com as respostas nas últimas páginas

Mas pra que me debruçar
sobre eles, procurando a solução
se a própria vida me conduz
a resposta final?

Sem medo de ser feliz
vou por aqui e por ali...
Por onde os caminhos,
as trilhas,
os atalhos me levarem ,
traçando meu rumo.

Às vezes com alguma tristeza
mas quem disse que felicidade
é o contrário de tristeza?
Tristeza é só uma momentânea
falta de alegria!

É, amigo, amanhã é sempre um novo dia
e quando a infelicidade
passar por aqui,
minhas malas estarão prontas
para eu ir por ali.

(Carlos Drummond de Andrade)

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