domingo, 23 de novembro de 2014

se encontraram por acaso
olharam-se e perceberam as diferenças que seus corpos
[apresentavam a seus olhos
e seus olhos se entregaram a suas peles
não importava a vida que tiveram e que não fora compartilhada
não importava para ambos nada que antes pudesse ter
[existido
apenas o tempo que se transformava
apenas o tempo grisalho
unidos
tocava-lhe a boca com o gosto de tantos gostos
com a pureza do instante das mãos envelhecidas
recolhidas no silêncio
bocas que se encontraram por acaso
depois de tanto tempo
renascem
revivem
se descobrem no mundo
com todas as marcas no rosto
com todos os brancos cabelos
como se ainda fossem menino e menina
seguram as mãos juntas
para encontrar a metade de ambos
e caminham ao redor de um lago
como se aqui estivessem ainda


(Edemir Fernandes Bagon)

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