domingo, 19 de dezembro de 2010


Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu.
Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta.
Mas a que canta. A que diz palavras.
Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento.
O morro dos ventos uivantes me chama.
Vou, bruxa que sou.
E me transmuto.

(Clarisse Lispector)

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