quarta-feira, 18 de agosto de 2010


E quando de repente atravessando
A mesma rua engarrafada
A gente se encontrar
Eu sei que você vai imaginar
Que como fazem na tv
Uma canção romântica há de vir no ar
Selar o encontro que o corpo sente
E o coração aos pulos quer viver
E quando a gente descobrir que as coisas
Não são mais como propunha o passado pro futuro
Quem havia de dizer
A gente se encontrando e os som dos carros no seu movimento
Encobrindo a nossa falta de assunto
E de prazer
Que a gente finge ter no chopp
Enquanto busca o que dizer
E quando as palavras forem todas repetidas
E o tédio for aquilo que o cigarro disfarçou
E quando entediadas nossa mãos se derem
Não entrelaçadas como até convém
Mas sim como pousadas sem destino
Sua mão em desatino sobre a minha solidão
E quando a nossa dor feita silêncio
Nos fizer virar as costas
Levantar sem qualquer gesto, sem palavras
Sem canção alguma a buzinar no ar
Sem ter remédio ou poesia
Como alguém normal faria
A gente se vê qualquer dia
Grande abraço e quem diria
Sem sequer nos lamentar

(Oswaldo Montenegro)

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