segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Hoje, não encontro mais aquela poesia no meu dia-a-dia, mas tento preservá-la no meu coração. Passo semanas sem olhar, com calma, para a lua e as estrelas. Faz anos que eu não vejo um vaga-lume. Crio pesquisas entre os mais próximos para saber quando viram uma joaninha na vez mais recente. Passo tempos sem ouvir cigarras e, quando consigo ouvi-las, por privilégio, aqueles que não conservam a sua inocência, não entendem porquê eu fico tão contente.

Eu acho que a gente vive uma época que pede resgates urgentes. A simplicidade, a capacidade de encanto e admiração, o olhar receptivo para se alimentar com belezas aparentemente corriqueiras, precisam ser também prioridade. Não há mundo novo sem respeito ao melhor do antigo. A natureza sempre tem uma lição inédita para nos ensinar, sendo a mesma há milênios. Com os vaga-lumes, por exemplo, aprendi o quanto é bom ter liberdade para dizer a nossa luz. Por menor que seja o ponto luminoso, faz diferença.

(Ana Jácomo)

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