domingo, 27 de setembro de 2009


Eu sou sem medo de errar.
Eu desejo a sacralidade de cada dia.
Deitar no chão da existência é tão necessário.
Eu me levanto mais devolvido, porque há muitas partes
de mim esparramadas, caídas pelas esquinas da vida.
Recolher-me é obra que faço por Deus.
Estou em reformas.
Deus o sabe.
Ele é que tirou a primeira pedra.
Tirou.
Não atirou.
Deus não sabe atirar.
Prefere tirar.
Eu deixo.
Sou Dele.
Quero ser sempre mais.
Em partes, pra ser todo.
Ele me devolve a cada dia.
Eu também.
Lição de casa que faço com gosto.
Vez ou outra Ele me olha nos olhos e me dita poemas.
Fico tão encantado que até esqueço as palavras.
Ele manda eu prestar atenção.
Digo que não sei.
Ele ri de mim.
"Poetas são todos iguais" - conclui enquanto mexe no meu cabelo.
Eu o vejo de perto, bem de perto.
Por vezes sinto o desejo de lhe pedir o impossível, mas aí me falta coragem.
Aí peço que me dê só o necessário.
Ele me surpreende com medidas que não mereço.
Fico mudo, sem saber dizer.
Ele me socorre com seu sorriso.

(Pe. Fábio de Melo)

Nenhum comentário: