sexta-feira, 31 de julho de 2009

Tamborilando de leve
No vidro de cada janela,
Chora a chuva que cai
Aumentando as águas do mar.

Sobe pelas narinas o forte aroma
Vindo das entranhas da terra
Feito das puras essências
Do céu desfeito em lágrimas.

Descem em cascata as frias gotas
Parecendo cortina de pérolas,
Espalhando-se pelo chão sedento
Sepulcro das recordações.

Depois o vento, no céu cinzento,
Afasta uma nesga do manto
Da atmosfera carregada,
E irrompendo como um filho

Sai um raio quente dourado
Do ventre do sol encarcerado
Na fortaleza de densas nuvens
Para vivificar todas as coisas.

Passou a chuva como passa a vida.
Restou do seu parto um irisado arco,
Profético e efêmero caramanchão
No jardim da natureza.

(Maria Hilda de J. Alão.)

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