se eu pudesse moldar as manhãs
com minhas mãos de poeta
talvez elas tivessem as mesmas cores
mas certamente seriam diferentes
tiraria delas a pressa do ponteiro das horas
e também o cinza dos olhos
daqueles que enfrentam as ruas
se eu pudesse amassar com minhas mãos
o barro das manhãs
eu o moldaria ao meu jeito
certamente elas teriam os mesmos rostos,]
seríamos os mesmos a dividir o mesmo espaço
mas elas seriam diferentes
desarmaria espíritos
eliminaria labirintos
substituiria muros por pontes
e ensinaria a celebrar a vida
mesmo que ela amanheça todos os dias
pendurada por um mísero fio
(Ademir Antonio Bacca)
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