segunda-feira, 20 de julho de 2009

Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar.
Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor.
E um grande silêncio desnecessário de palavras.
Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver.
Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também.
Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. (...)

(Caio Fernando de Abreu)

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