Não temos pressa. Não procuramos simetria nas nossas vidas tortas.
Estamos de folga dos suspiros ofegantes. Das cartas desesperadas. E dos
telefonemas a meia-noite. Não esperamos respostas para os sms’s sem
perguntas. Não falamos alto. Não pedimos atenção. Não trocamos flores,
elogios e bem-me-queres. Degustamos o tempo em seus compassos. Não
pulamos as vírgulas. Os pontos. Os travessões. Não alimentamos grandes
expectativas. Nem cachorros abandonados. Não planejamos o jantar. Nem
o final de semana. Nem o nome de nossos filhos. Não quero saber se
teremos filhos. Não esperamos que venham num cortejo de borboletas
amarelas. Estamos casulo. Metamorfoseando. Não tenho lindos sonhos que
desejaria estar para sempre. Não me lembro ao certo quando te conheci.
Nem se eu queria conhecer alguém naquele tempo. Mas isso não importa
nesse momento.
Sem correr. Só preciso de alguns abraços queridos, a companhia suave,
bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez e a
sincronicidade: eu e você não acontecemos por uma relação causal, mas
por uma relação de significado. Que ainda estamos trabalhando.
(Tiago Yonamine)
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