domingo, 19 de abril de 2009

Quando eu entardecer,
não me clareies.
Quando eu anoitecer,
não me amanheças.
Se vires vou chover,
esconde o Sol.
Permite-me chorar em mi-bemol.
Quando eu calar a voz,
não me perscrutes.
Quando eu fechar os olhos,
não me cobres.
Quando eu não for mais jovem,
ah... a juventude...
Deixa-me aqui a querer decrepitude.
Quando, porém, o outono
me dê sinais
de que se vai partir
e o inverno vá
deixar-me logo a alma,
vem, corre, amor!
Esquece que houve, um dia, alguma dor.
Esquece a dor que afasta
todo acalanto;
escuta os passarinhos
que vêm trinar!
Vou-te esperar!
O amor em tudo espera,
e agora, ei-la de novo, a Primavera.

(João da Silva)

Nenhum comentário: