sexta-feira, 24 de abril de 2009

Meus olhos andam sem sono
Somente por te avistarem
de uma tão grande distância
De altos mastros ainda rondo
tua lembrança nos ares
O resto é sem importãncia
Certamente não há nada
de tí, sobre este horizonte
desde que ficaste ausente
Mas é isso que me mata
Sentir que estás não sei onde
mas sempre na minha frente
Não acredites em tudo que disser
a minha boca
sempre que te fale ou cante
Quando não parece, é muito
quando é muito, é muito pouco
e depois nunca é bastante
Foste o mundo sem ternura
em cujas praias morreram meus
desejos de ser tua
Água salgada me escuta
e mistura nas areias
meu pranto e o pranto da lua,
A mim não fizeste rir
e nunca viste chorar
Por que o tempo sempre foi
longo pra me esqueceres
e curto pra te amar...

(Cecília Meireles)

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