quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela.
E a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia, quando a chuva secar na memória,
quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar como a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela.
Sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa
minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma
palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar a perfeição da felicidade.

(José Luís Peixoto)

Nenhum comentário: