quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

De madeira lilás (ninguém me crê)
se fez meu coração. Espécie escassa
de cedro, pela cor e porque abriga
em seu âmago a morte que o ameaça.
Madeira dói?, pergunta quem me vê
os braços verdes, os olhos cheios de asas.
Por mim responde a luz do amanhecer
que recobre de escamas esmaltadas
as águas densas que me deram raça
e cantam nas raízes do meu ser.
No crepúsculo estou da ribanceira
entre as estrelas e o chão que me abençoa
as nervuras.
Já não faz mal que doa
meu bravo coração de água e madeira.

(Thiago de Mello - O animal da floresta)

Um comentário:

Edson Marques disse...

Sandra,

Obrigado pela publicação do meu poema "Dois caminhos" em setembro.

Abraços, flores, estrelas..