domingo, 28 de dezembro de 2008

Dá-me de volta a infância.
Quero de novo
o gosto que o algodão doce
costumava ter...
a sensação da
primeira roda-gigante,
ser empurrado
num balanço,
o beijo na testa
de boa noite.
Quero fazer rimas fáceis,
recitar versos tolos,
trava-línguas...
Quero cantar velhas cantigas de roda,
correr e rir
enquanto gritam meu nome.

Dá-me de volta a infância.
Quero o desassossego
de um amor platônico,
corações rabiscados
nas margens dos cadernos,
Nomes gravados nas árvores,
faces coradas
só de pensar em ser descoberto.
Quero chorar e rir
ao mesmo tempo
sem ter de me explicar.
Quero perdoar sem lembrança.
Confiar sem reservas.
Acreditar cegamente.

Dá-me de volta a infância...
O que mudou..
O que foi esquecido...
O que não consigo ser mais.

O que se perde
quando se cresce
é o que passamos a vida toda
tentando reencontrar.

(Luciano Maia)

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