quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Toma-me ao menos
na tua vigília.
Nos entressonhos.
Que eu faça parte
das dores empoçadas
de um estendido de outono

Do estar ali e largar-se
da tua vida.

Toma-me
porque me agrada
meu ser cativo do teu sono.
Corporifica
boca e malícias.
Tatos.
Me importa
mais o que a ausência traz
e a boca não explica.

Toma-me anônima
se quiseres. Eu outra
ou fictícia. Até rapaz.
É sempre a mim que tomas.
Tanto faz.

(Hilda Hilst - Cantares)

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