sábado, 27 de setembro de 2008

Talvez nunca a ternura fosse tanta
como entre os montes amadurecidos
e quando as casas se elevam
entre o ouro e o fumo da tarde.
Silêncio que parece vir do lento passado,
vozes que se dão em resignada melancolia
e tomam a forma dos frutos,
vinho e sombra que apagam o mar as árvores
onde não tardará o abandono,
memória do que somos.
Repousam sobre a noite os grous
enquanto as cidades crescem à nossa volta
contra o sul vencido.
Vento, ramo e sombra que caem
sobre as janelas ardentes:
lá onde a púrpura se reclina
sobre a água e a beleza
a verdade começa a surgir da espuma.

(Poema de Henrique Dória)

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