quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo
qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho
questionador e tonalidade
inquietante.

A mim não interessam os bons
de espírito nem os maus de
hábitos. Fico com aqueles que
fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta,
quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior
em mim. Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam
perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de
aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não
quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra
metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos,
para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e

estéril.


(Oscar Wilde)

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