segunda-feira, 26 de maio de 2008

Não tem volta

Se você vai por muito tempo
Você nunca volta.
Você retorna,
Você contorna
Mas não tem volta
A estrada te sopra pro alto
Pra outro lado
Enquanto
Aquele tempo
Vai mudando.
Aí, de quando
Em quando você lembra
Aquele beijo,
Aquele medo
Mas você sabe
Que tudo ficou antigo
E você não volta
Nem com escolta
Nem amarrado
Porque o passado
Já te perdeu
E o perigo
Muda mesmo de endereço
Não existe pretexto.
O dia mudou
O carteiro não veio
O principio é o meio
E você retorna
Mas não tem volta.
(Zélia Duncan)

Um comentário:

Edson Marques disse...

Sandra,


Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
(...)


Que bom que esse meu poema tocou teu coração. É exatamente isso que todo poeta quer!

Agradeço pela publicação dele aqui no teu blog, no começo de maio.

Pena que você disse ser "de Clarice Lispector".

Não é.

Detalhes em http://mude.blogspot.com

O livro "Mude" acaba de ser lançado pela Pandabooks, com prefácio de Antonio Abujamra - e está à venda nas grandes livrarias.


Abraços, flores, estrelas...