"O que a memória ama, fica eterno."
Dizia-te isto no outro dia.
Eternizamos
momentos, sentimentos, sensações, que nos marcaram, por um instante
que seja, ou para toda uma vida. Eternizamos mesmo que já não tenham
lugar no nosso corpo, espaço no nosso dia, ou já nem façam sentido. Mas
na nossa memória eles perduram num amor que não se cansa, não se gasta,
não envelhece. Um amor que dura, recorda sempre com saudade e nostalgia.
Puro, ama desmesuradamente, sempre daquela forma, com aquele desejo,
com a mesma intensidade. E recorremos a esses momentos, instantes que
sejam, sempre e sempre. Voltamos a eles com um único objetivo: voltar a
amar. Voltamos para viver novamente o que nos fez feliz. Voltamos por
vezes até inconscientemente, damos por nós a regressar no tempo, no
espaço, a lembrar os contornos do rosto, o brilho dos olhos, o cheiro da
pele, o calor dos braços, o deslizar das mãos, o sabor da boca, a
entrega dos lábios, da língua. Lembramos a voz rouca, grave, suave, as
palavras que nos encheram o peito, ocupavam a cabeça que fervilhava
euforia, palavras que significavam tudo, e eram mesmo tudo o que
queríamos ouvir.
Era isto que eu te queria explicar, entre palavras embaralhadas, que brotavam confusas, ansiosas por ser ouvidas.
Vivo diariamente memórias tuas que amo.
E
essas memórias, nunca morrem. Nada as impede. Ninguém as rouba, esconde
ou tira. E essa memória de instantes que loucamente amo, vou amar
sempre, sempre com a intensidade que precisar, toda a minha vida.
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