Pois
namorar não é só juntar duas atrações, no velho estilo ou no moderno
estilo, com arrepios,
murmúrios, silêncios, caminhadas, jantares, gravações, fins-de-semana, o
carro à toda ou a 80, lancha, piscina, dia-dos-namorados, foto
colorida, filme adoidado, rápido motel onde os espelhos não guardam
beijo e alma de ninguém. Namorar é o sentido absoluto
que se esconde no gesto muito simples, não intencional, nunca previsto,
e dá ao gesto a cor do amanhecer, para ficar durando, perdurando, som
de cristal na concha ou no infinito.
(Carlos Drummond de Andrade)